terça-feira, 13 de setembro de 2016 0 comentários

Fear.




Estupro.
Não me lembro exatamente a primeira vez que ouvi essa palavra. Quando se é mulher, ela acaba entrando pelos seus ouvidos o tempo todo. Mas a primeira vez, exatamente, não lembro.
Mas lembro que sempre fui instruída a não conversar com estranhos, nem aceitar doces dos mesmos, nunca brincar em lugares afastados... Minha mãe também dizia pra que eu nunca ficasse a sós com homens adultos, e pedia pra que eu evitasse brincar com meninos.
Eu não entendia bem, mas obedecia.
Mesmo respeitando e acatando todas as orientações da minha mãe, isso não impediu que eu sofresse abusos ao longo da minha vida. E acredite, TODA mulher no mundo já sofreu algum tipo de abuso.
As vezes não sabemos que estamos sofrendo algum tipo de violência (física ou psicológica). No meu caso, só entendi anos depois. É o que a cultura do estupro faz. A vítima é responsabilizada e tratamos uma situação absurda com a maior naturalidade.
Quando tinha 9 anos, achei normal quando um tio ficou olhando minhas pernas.
Quando tinha 13, achei normal o colega da sala passar a mão em mim.
Quando tinha 17, achei normal um estranho me agarrar por trás durante uma festa.
Na primeira vez a culpa foi minha, já que eu estava de vestido.
Na segunda vez também fui a culpada, já que eu não deveria passar perto de nenhum garoto.
Na terceira vez não podia nem argumentar. A festa era Open Bar, o que eu esperava estando em um lugar desses?!
Quando digo que todas as mulheres do mundo já sofreram algum tipo de assédio, falo com conhecimento de causa. Sua irmã foi cantada na rua e já foi beijada a força pelo seu primo. Sua mãe já foi tocada por um estanho enquanto estava no ônibus e seu pai provavelmente já transou com ela sem o consentimento da mesma. Sua namorada bebeu muito na balada, foi ao banheiro e acabou violentada por um desconhecido. 
O maior medo de TODA mulher é ser estuprada, pergunte a qualquer uma.
Esse medo nunca sai da nossa cabeça. É um reflexo feminino, algo que desenvolvemos com o passar dos anos. Nós temos medo. Vivemos com medo. 
Eu vivo em um mundo tão louco, que, quando estou voltando de um passeio com a minha cachorra e vejo um sujeito suspeito, eu torço baixinho pra que seja "SÓ UM ASSALTO". Em um mundo tão louco, que eu me considero sortuda por nunca ter sofrido violência sexual. Me considero sortuda por nunca ter sido forçada a fazer algo que ninguém deveria ser forçado a fazer. Sortuda porque o meu DIREITO nunca foi infringido.
Nunca fui estuprada, mas poderia ter sido.
No dia em que estava voltando de um show, pedi um taxi, e durante o caminho para minha casa o taxista fez perguntas estranhas e elogios desnecessários.
No dia em que fui tomar um sorvete a noite, e um carro parou ao meu lado e o motorista disse que "gostaria de me conhecer melhor".
No dia em que eu fui buscar pão e passei perto de um terreno baldio, onde alguns garotos estavam sentados.
No dia em que estava tão atrasada pro trabalho que, quando o ônibus passou por mim e eu o perdi, entrei no carro de um completo estranho que me prometeu uma carona até o próximo ponto.
Ontem, quando voltei do mercado. Podia ter sido estuprada. Não por ser maravilhosa, nem muito gostosa ou por usar roupas chamativas... poderia ter sido estuprada apenas por existir, assim como você.
Esse texto não tem o intuito de passar uma mensagem, ou algo que irá mudar o seu dia... ele é apenas um desabafo. Um dos mais sinceros que eu já fiz durante toda a minha vida.
Quando me cantam na rua, eu retruco. Quando se esfregam em mim no ônibus, eu faço um escândalo.
Quando passam a mão em mim, só Deus pra me fazer parar de agredir o sujeito.
Mas eu tenho medo.
Medo de alguém me violentar, medo de alguém me machucar... Mas o meu maior medo mesmo é, caso isso aconteça, sobreviver. Eu, Nayara, de 23 anos, não seria forte o suficiente pra continuar.
Então escrevo hoje para essas mulheres, dos 104 depoimentos. Que mexeram comigo ao ponto de eu levantar da minha cama, as 04:12 da manhã para escrever algo, com lágrimas nos olhos.
Vocês são heroínas.

Sou mulher, igual a sua mãe, irmã, prima, namorada... Somos seres humanos iguais a você. E dizemos em uma só voz: CHEGA.


Enquanto isso, ando por ruas iluminadas. Mesmo que isso não seja garantia de nada.


See you soon. 





terça-feira, 30 de junho de 2015 0 comentários

Mantra.

Ia te escrever ontem, mas não deu.
Sei lá, a inspiração não veio. E foi não por falta de tentativas. Respirei ares, bebi água e um café, mas ela não deu as caras. Marquei a folha com o pulso e acabei riscando de caneta, sem querer, o meu lençol. Ela não veio porque não quis vir.
Ou talvez, porque sabia que eu precisaria do hoje. Provavelmente foi o que aconteceu.
Gosto dos seus olhos, especialmente. Eles transbordam confiança e criatividade, essa é a sua melhor parte. Ah, e o seu sorriso... ele tem uma fã.
Eu te idealizei, da primeira a última hora. Você não correspondeu as minhas expectativas, coisa que (eu tenho plena convicção, devo dizer) não tinha responsabilidade de fazer. Você não disse.
Ainda sim, te amei ontem. Das 8 as 23, hora em que fui dormir.
Mas hoje de manhã já não te amava mais.
"Não foi amor", alguns diriam. Mas ainda que curto, foi doce e intenso, como todo amor é.
Eu senti, e rotular "o que é amor e o que não é" parece errôneo. Ainda que você tenha estado na mesma sala que o amor, ainda que o tenha visto se apresentar, todo dia, durante anos... Amores são diferentes. Eles não tem uma caixa padrão. Vem em embrulhos e pacotes diferentes, para que cada um saiba qual é o seu ou o que deseja.
Então, essa carta vai pra todos os amores do mundo, que se espalham como água. Todos são lembrados e admirados por mim. Amo os amores e os amantes.
O amor que você viveu, ou vive, é só seu. Nunca deixe que o enfiem em uma caixa que não lhe pertence. A única pessoa que sabe as dimensões exatas do seu amor é você, só você pode embala-lo. Singular.
Te amei ontem, das 8 as 23.
Infinitamente.
Tanto que senti seu cheiro, meu coração doeu e fiquei sem ar. E eu gostei da sensação.
Foi amor, sem dúvida.
Te amei ontem, das 8 a meia noite. Acabei de lembrar que, ontem, demorei um pouco mais para dormir.

See you soon.
quinta-feira, 24 de julho de 2014 0 comentários

you say, and I like what you say.

Vim passear pelos meus textos, porque quando dá saudade da vida, eu venho relaxar. E quando eu digo "dá saudade da vida" não quer dizer que eu me sinta morta, nem nada do tipo. Só quis ler a minha evolução, porque aqui é onde eu a encontro em maior escala. Caso não fique claro, acho bom destacar: minha vida anda muito bem, obrigada. Quase não tropeça e eu vou deixando ela escolher por qual caminho quer andar. Mas ela muda tanto... muda de roupa, muda de cor, de textura, de cheiro. Muda tanto que as vezes eu não a reconheço.
Tudo está mudando, não só comigo, mas com todos ao meu redor. O tempo me alcança e por mais que todo mundo pense que vai viver pra sempre, uma hora ele se esgota. Acho que procuro uma forma de aproveita-lo da melhor forma possível. Será que eu estou fazendo isso do jeito certo?
Crescer é um saco. Todo adulto percebe isso, na hora em que se torna um adulto de fato. Sentir saudade da falta de responsabilidade é confortante. Ainda que algumas pessoas a carreguem durante a vida, enquanto somos crianças, gozamos da liberdade de não fazer nada, não se preocupar com nada, e não somos punidos por isso. Do que realmente sentimos falta? Da cabeça livre de problemas? De sermos superprotegidos? De correr pelos parques? Não sei. Só sei que crescer é um saco. E a pior parte é: não crescemos só uma vez. Não passamos de crianças para adultos só uma vez. Você é cada vez mais adulto, cada vez mais preso. Você cresce a cada dia, e o tempo chega o tempo todo.
Mas não precisa ser assim.
O tempo atingirá o seu corpo, mas a sua mente só é atingida pelo que você deixa passar. E deixe passar só os passos da vida, boas experiências e energias. Deixe que a vida ande sozinha, mas aconselhe as vezes, pra que ela não erre (demais) o caminho. Afinal, o que seria de nós se pegássemos somente os caminhos certos?
Você precisa de luz. Uma mente iluminada nunca fica fraca, nunca fica presa, nunca se deteriora. Ela vive pra sempre.


See you soon.
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Carta aberta à Menina de Thriller.



Para compreender melhor o texto, veja o clipe abaixo:

 

Querida Garota,
Depois de conhecer sua breve história, por anos, sempre quis fazer algumas/alguns observações/comentários. Esse clipe, provavelmente, é o mais famoso da história, acho que por isso sempre fiquei tentada a discutir determinadas situações vividas por você nesse curta-metragem maravilhoso. Logo, aqui vai:
1) Adolescentes no meio do mato, no escuro, e você pergunta "O que faremos agora?" e vocês dois vão ANDAR? Por favor né, ninguém faz isso, não tentem nos enganar.
2) Quero entender porque essa vagabunda esperou 36 segundos (sim, eu contei) para começar a correr. Cara, se você vê alguém se transformando em alguma coisa, você corre até a fronteira do Canadá. Pelo amor de Deus né.
3) Esse lobisomem mais parece um gato gigante do que um lobisomem de fato.
4) Michael, meu filho, sorriso invejável. Parabéns.
5) O caminho da sua casa inclui um cemitério? Sinto lhe informar que você mora mal.
6) Um cara morto sai de um bueiro. DE UM BUEIRO. Eu já fico imaginando como que esse abençoado morreu.
7) Michael vira zumbi do nada, e nem morre pra isso. Como que aconteceu? Pelo ar?
8) Michael vira zumbi, volta ao normal, e vira zumbi de novo. É, provavelmente foi o ar.
9) Dessa vez não posso te culpar por ter demorado pra correr. Afinal, se eu visse um grupo de zumbis fazendo uma coreografia (zumbis normais, não precisava nem ser zumbis do Michael Jackson) eu também ficaria pra assistir. Se o Michael fizesse parte então, ia até querer uma poltrona e aquela pipoca que ele deixou no cinema.
10) Os zumbis eram um lerdos, caso você não tenha notado estavam mortos (acho bom destacar isso, porque né, Michael virou zumbi mesmo estando vivo) e em vez de correr você entra em uma casa abandonada? SÉRIO? Com a lerdeza deles e você sem salto (por isso eu nunca uso salto, nunca se sabe quando (e do que) você vai precisar correr) era facinho facinho ganhar uma vantagem e chamar a polícia, os bombeiros, o pessoal de Walking Dead, de American Horror Story... sei lá! Você tinha acabado de ver a menina (você mesma) sendo burra no cinema, custava levar alguma experiência disso? Entrar na casa abandonada foi uma decisão estúpida, acho que você descobriu isso no fim.
11) Os zumbis estavam caindo aos pedaços (caso não se lembre veja a hora em que eles "ressuscitam") e conseguem quebrar parede, chão, janela...? A única coisa que me vem a cabeça é: Whey Protein.
12) Você teve um super pesadelo com o seu namorado e não esquiva nem um pouco dele? Não cria a mínima aversão? Ah, sai né.
13) Por último, vai a seguinte dica: fica esperta. Ele é estranho e se você der mole vai se foder de novo. Mas se tiver uma outra coreografia, fica pra assistir mais uma vez, porque né, não é todo dia que isso acontece. Devemos aproveitar esse tipo de oportunidade.

É isso, boa sorte aí.

(Gente, esse clipe continua sendo awesome mesmo com tudo isso aí de cima, e eu amo o Michael. Não levem a mal, beleza? hahahha)


See you soon.
quarta-feira, 16 de julho de 2014 0 comentários

Thank you.

Para parar
de correr,
de cantar,
de dançar,
de comer,
de falar,
de gritar,
de brincar,
de viver o quer viver,
de sentir saudade pelo que não aconteceu,
de amar,
de adorar,
de ouvir.
E começar a
correr,
cantar,
dançar
(...),
só que com a alma
pra valer.
Colorido,
musical.
Tô com vontade,
de tudo isso,
e mais.


See you soon.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013 1 comentários

You don't know, and you don't get it, do you?

Você enxerga a sua própria beleza? Não, esse não é um daqueles textos "só o que importa é a sua beleza interior". Vamos ser francos: você dificilmente se apaixonaria por alguém que considera feio. Mas você já parou pra pensar que talvez o seu conceito de beleza foi imposto pela sociedade e você nem percebeu? Considere essa hipótese agora. Você provavelmente não distinguia uma criança ou outra por ser feia ou bonita, isso foi imposto a você de uma forma sutil.
Te proponho um desafio: procure um espelho e observe seu nariz. Tente, eu prometo que vai valer a pena. Pode parecer clichê e você provavelmente já ouviu essa frase, mas já percebeu que só você tem esse nariz? Com exceção de algum parente que pode ter um nariz muito parecido com o seu (que talvez você considere igual, mesmo não sendo) o seu nariz é único no mundo. Assim como seus olhos, sua boca, suas mãos e suas expressões. Você fica feliz de um jeito único e fica surpreso de um jeito que ninguém consegue imitar, assim como diversas características únicas que te compõem. É engraçado como hoje em dia buscamos um padrão de beleza que nunca conseguiremos alcançar. No fundo, sabemos que nunca ficaremos totalmente felizes com nossa aparência, mas o ser humano é perseverante por natureza, o que pode ser a nossa ruína.
Se você olhou seu nariz e não gostou, sugiro que você o olhe de novo e lembre-se que você possui um único exemplar de nariz, que foi especialmente desenhado para o seu rosto. Eu aposto que você odeia encontrar alguém com a mesma camiseta que você na rua. Você sempre busca a exclusividade em sua vida, logo, porque acabar com um nariz que se compara à alta costura? Porque odiar uma coisa tão exclusiva? Você realmente o acha feio ou você o acha feio comparado a outros narizes? Se depois de responder essas perguntas, ainda sim quiser mudar, eu apoio a sua decisão. Pode parecer contraditório em vista de tudo o que eu disse até agora, mas quero que você saiba o que vai perder ao trocar essa sua característica. Você irá adquirir um nariz de plástico. Será como trocar um original por um pirata, seu nariz estará ao alcance de todos.
Não vou ser hipócrita, mudaria algumas coisas em mim. Mas acredito que todas seriam um desenvolvimento, talvez para ficar mais saudável, pra mim. E narcisismos à parte, você deve ser a pessoa mais importante da sua vida. Não queira perto de você alguém que não tenha discernimento para perceber o quão individual e restrita é a sua essência.
Muita gente diz que pessoas legais acabam se tornando bonitas, mas o que pouca gente percebe é que elas sempre foram. Você só não viu, porque está acostumado a não ver. Que tal começarmos a generalizar a única coisa que não entristece ninguém?
Todos somos bonitos. Gordos, magros, altos, baixos, cabeludos ou carecas... Todos os seres humanos são raros. Não se trata de amar seu nariz porque ele é o único que você tem, e nem de "Se amar porque Deus te fez assim.". Ame seu nariz porque ele é realmente legal, assim como você. Sem dúvida beleza é algo discutível e alguém no mundo vai adorar seu nariz. Somos sensacionais!
Eu te acho lindo(a), pode acreditar!


See you soon.

sábado, 5 de outubro de 2013 2 comentários

I'm letting go tonight.

Estou aqui sem saber o que escrever, mas preciso esvaziar o meu coração e a minha cabeça... ambos estão cheios demais. Sem dúvida eu escrevo por prazer, mas as vezes a necessidade de escrever é mais forte. Uma vez lembro de ter ouvido a seguinte frase: "Escrever um texto é um jeito de dizer: 'Me empreste seus olhos, seu tempo e seu coração. Só os meus não dão conta de mim.'". As palavras são minhas melhores amigas, com elas eu consigo total aceitação. Sem julgamentos e sem opiniões, elas simplesmente saem da minha cabeça, como se estivessem lá o tempo todo. Não sei o que quero dizer, mas sei que isso precisa ser dito. Sinto cheiro de vida, mas não sei de onde vem. Logo, não sei como encontrá-la e nem como aceitá-la. Qual é o problema? É medo? Vejo um nome querido, eu quero abraçá-lo. Sinto o cheiro de vida de novo e ela me atiça, me tenta. Acho que já passou da hora de parar de perder algo muito bom. Vou começar a demonstrar a estima imensurável que sinto para quem realmente merece. Eu já perdi tempo demais, desisti demais, estraguei demais. Quero tudo de novo, quero agora e quero querer amanhã também. Pode parecer sem sentido nenhum, mas reflete a bagunça que há em mim. Somos todos assim, bagunçados por natureza. Espero que as palavras continuem sendo minhas amigas. Elas colorem meus textos cubistas como ninguém.

See you soon.
 
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